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CONTOS E PHANTASIAS


E passava distrahido sem corresponder aos frequentes e affaveis cumprimentos que lhe faziam os conhecidos e amigos, do alto da imperial dos omnibus, ou da plata-forma dos americanos.

Alguns dos companheiros dos seus passeios e folguedos da mocidade tinham morrido, outros haviam deixado o Brazil e viviam na Europa, em Portugal.

— Como poderam elles deixar isto sem saudade? É verdade que eu gostava de morrer lá, onde nasci, na minha pobre aldeia, ao pé de minha mãe... pensava o sr. Cerqueira.

E á hora do jantar, já não havia o conversar, e aquelle teimoso questionar que tanto alegrava os dois socios!

É que o sr. Cerqueira continuava a fallar comsigo e a passar uma a uma pelos dedos as contas do mystico rosario das suas saudades...

Uma tarde os socios de Cerqueira bateram-lhe á porta do quarto. Houve uma certa demora em se abrir essa porta. Insistiram. Cerqueira veio emfim saber o que era.