Página:Contos e phantasias (Maria Amália Vaz de Carvalho, 1905).pdf/201

CONTOS E PHANTASIAS
195

sentado no chão, estava de guarda a meia duzia de bois que pastavam tranquillamente na herva macia e tenra...

De vez em vez, quando um dos bois se approximava de algum castanheiro, o rapaz agarrava de um calhau, e atirando-lhe rasteiramente, gritava:

— Eh! malhado...

— Quantas vezes eu tambem guardei as vaccas da nossa casa! pensou Cerqueira.

— Seu moço, venha cá, disse para o rapaz, venha cá, menino!

O rapaz olhou para o forasteiro com um olhar estupido e embezerrado e deixou-se ficar.

— Venha cá, menino, que lhe não quero mal...

O pequeno não se movia.

— O rapaz é mouco, disse comsigo o viajante, e como quem conhece o coração humano, tirou a bolsa e mostrou-lhe uma moeda de prata.

— Queres isto?

De um salto o rapaz poz-se a pé, tirou a carapuça, e coçando a cabeça aproximou-se.

— Diga-me uma cousa, menino, é aqui do lugar?

— Saiba vossemecê que sim senhor.

— Conhece a tia Genoveva?

— Uma que é assim a modo bexigosa, e já muito velhinha?