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CONTOS E PHANTASIAS

Tinham ouvido louvar os desenhos da menina Fulana e juraram aos seus deuses que as suas meninas lhe haviam de levar a palma.

Não tinham ideias absolutas, tinham simplesmente ideias relativas.

Excitar a admiração parecia-lhes uma cousa réles e insignificante; o que elles queriam era excitar a inveja.

As pequenas comprehendiam isto maravilhosamente.

Em vendo uma amiga da infancia, uma conhecida qualquer com um vestido mais bonito ou com uma prenda intellectual mais preciosa, tinham ataques de desespero surdo.

Ralava-as uma vaga inveja de todos os esplendores sociaes.

Andavam á busca de gente a quem podessem offuscar.

Eram simplesmente ridiculas!

Ás vezes entravam no quarto de Martha e diziam-lhe n’um transporte de colera:

— Quero saber allemão. A Mariquinhas sabe allemão, emquanto eu não sei.

— Quero aprender a bordar de matiz, a Julia fez um quadro que eu não sei fazer.

Era assim que iam progredindo no estudo.

Marta conformava-se docilmente ás aspirações