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CONTOS E PHANTASIAS

tinha a obrigação de ser a mulher do futuro, já me não atrevo a dizer da que o será.

Octavio Feuillet, que está talvez perto demais das cruas pinturas do realismo, intentou n’este seu ultimo livro, chamado Le journal d’une femme, rehabilitar as ideias romanticas, que visto perderem tantas mulheres, podem tambem salvar algumas.

Elle que sabe tão bem dar vida ás suas pallidas e nervosas heroinas, que téem na bocca o sorriso da esphinge, que téem na voz uns feitiços mysteriosos, que téem no gesto uma graça irrequieta e caprichosa, que sabem arrastar o homem até á beira do crime com um aceno das suas mãos esguias e aristocratas, elle, o creador do Conde de Camors, esse ultimo producto da litteratura byroniana, que endoudeceu de amor litterario tanta mulher, eil-o que se propõe d’esta vez o difficil thema de explicar a que nobres e altos sacrificios o romantismo bem entendido póde levantar uma mulher.

Foi arrojada a empreza; arrojada, mas feliz.

Le journal d’une femme, livro que eu já d’aqui recommendo a todas as minhas leitoras, é uma joia admiravel, cinzelada pela mão de um artista de coração.

E depois são taes os exageros e desmandos da