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morta, da doce creatura que a paixão fustigara e que a paixão matou!

Calou-se, deixou que o noivo da sua alma se affastasse para sempre, pungido por um remorso que o separava da ventura, e olhando para o berço da filha escreveu estas palavras que vertem lagrimas, as santas lagrimas, que os realistas não conhecem:

«Restas-me tu, minha filha... Escrevo estas linhas ao pé do teu bercinho... Espero que um dia estas paginas façam parte do teu enxoval de noiva; talvez ellas te digam que queiras muito á tua pobre mãe, tão romantica!... D’ella saberás talvez que a paixão e o romance podem ser bons, com a ajuda de Deus, porque elevam os corações e ensinam-lhes os deveres superiores, os grandes sacrificios, as elevadas alegrias da vida. É verdade que eu chóro ao dizer-te isto, mas olha que ha lagrimas que causam inveja aos anjos.