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CONTOS E PHANTASIAS
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que tinha todos os requintes aristocraticos e todas as grossas expansões plebeias; conheçera-o a fundo, debaixo de todos os aspectos, e aos meus olhos havia n’ella uma attração extranha e magnetica como quem visitou o antro de um leão e o domou meigo e dôce aos seus pés pequeninos.

Levei então horas e horas ideiando o meio porque me havia de approximar, eu obscura e desconhecida da illustre mulher, duplamente celebre pelo merito pessoal, e pelo genio de que era como que o reflexo vivo.

Quando estava no meio d’estas locubrações inoffensivas aconteceu o que era de esperar: a condessa Hanskan de Balsac, entendeu que Portugal, o Portugal tão querido dos poetas patriotas, não era digno de uma visita sua.

Resignei-me, portanto, a conhecêl-a sómente atravez de um livro que é a obra-prima de Balsac, o auctor de tantas obras primas que não morrem.

Este livro é a Correspondencia do grande escriptor, publicada ha pouco pela casa Calmann Levy.

Não conhecemos, podemos affoitamente confessal-o, livro mais dramatico, mais cheio de vida e de interesse, mais empoignant, permitta-se-nos o expressivo francezismo.

N’estes dous volumes de cartas apparece-nos Balsac em toda a potencia da sua extraordinaria