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CONTOS E PHANTASIAS

que ella atirara em redor de si, sem se importar onde lhe vão cahir!

Ai! Cosette, Cosette! eu gosto de ti, borboleta, ébria de luz! és uma das visões luminosas que ficarás para sempre moça e querida! és uma estatua branca que ninguem ousará mutilar e que os seculos verão erguida no teu pedestal de flôres! Mas como eu te amaria muito mais ainda se em vez de seres o Amor fosses o Sacrificio!

Um dia Victor Hugo pediu ás neblinas matinaes dos climas do norte, uma porção de renda branca e transparente com que ellas corôam a crista das montanhas e... fez Déa!

Que doce, vaporosa e lendaria visão!

Não ha n’ella cousa alguma que seja realidade!

Toca na terra ao de leve; não tanto que pareça filha d’ella, não tão pouco que lhe não seja dado consolar alguem votado ás dores sem consolo.

É cega!

Amada por um monstro sabe verter-lhe n’alma as alegrias de um Deus!

Não vê o homem que a ama, vê o amor de que elle a veste!

Abençoada cegueira que faz dous felizes!