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CONTOS E PHANTASIAS

Todo aquelle conjuncto de graças ia ser d’elle outra vez.

Com que delicia soffrega elle não beijaria os pézinhos da sua fada pequenina e loura!

Como lhe contaria tudo que tinha passado longe d’ella!

As saudades sem consolo, as lagrimas que chorára, as humilhações que soffrêra no meio d’aquelles perversos de faces rosadas e imberbes, que se tinham constituido em algozes da sua fraqueza e do seu desamparo!

Oh! amal-a-hia tanto e tanto, que ella havia de dar-lhe por força um bocadinho de affecto, e esse bocadinho só bastaria a torna-lo mais feliz do que um rei.

Margarida!

E ao repetir baixinho com um calafrio de prazer este nome querido, via saltar n’um raio de sol uma figurinha esbelta, graciosa, de fato muito curto e muito simples, um vestido branco, um cinto azul, um bibe de cercadura bordada, onde as amoras colhidas por elle tinham posto uma mancha vermelha, com os espessos cabellos louros em anneis soltos, e uma risada a vibrar ainda em torno d’ella como um rosario de perolas que se desfiasse dentro de um cofre de crystal.

Henrique julgou que elle endoudecia, e Joanninha