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CONTOS E PHANTASIAS

capaz de rir do desgraçado, mas como a casaca lhe ficava mal!

Tinha-se vestido para assistir ao jantar.

Antes do jantar não conseguira vêr Margarida.

— A sr.a D. Margarida vinha muito cançada, estava no seu quarto. Dormia. Não havia ordem de a acordar.

Eis as seccas respostas que as criadas, — aquellas perversas — tinham dado ás supplicas phreneticas do pobre Thadeu.

Emquanto a ir ao encontro d’ella como tanto sonhára, não tinha podido.

Seu tio, agora que lhe descobrira algum prestimo — muito secundario, é verdade, mas um prestimo em todo o caso — abusava d’elle horrorosamente.

Tinha-o tornado uma machina de fazer contas, contas de sommar, de repartir, de multiplicar, o inferno!

Não pudera ir, mas esperava vê-la logo que ella chegasse, vê-la só, poder beijar-lhe as mãos, a testa, os cabellos, os pés! Vesti-la toda de beijos como d’antes!

E depois sabia que tambem ella havia de ter saudades! Que tambem se havia de lembrar muito do seu amigo, do seu Thadeu, do seu cão fiel!

Estava impaciente, estava no ar. Mas quando