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CONTOS E PHANTASIAS

Os visinhos exploravam aquelle grandissimo e sagrado affecto.

— Com que então é hoje, hein?

— É verdade, pelo menos assim o espero. Queira Deus que lhe não succeda alguma no caminho. Isto de rapazes...

— Ha rapazes e rapazes. O seu é uma joia...

— Sim, sim, mas ha más companhias...

— Qual! E então o juizo e o talento para que servem? Eu tenho ido com elle algumas vezes a Braga, e bem vejo as pessoas com quem o seu menino se dá. É tudo gente da melhor. E não lhe fazem favor. Todos me gabam a sabedoria do seu estudante, todos...

— E eu que o diga, affirmava outro.

— Então porque não entram? Vejam se apanham um catharral! Está muito frio. Ó Joanna, traze duas malgas d’aquelle vinho que sabes, e não te esqueças de trazer uma talhada de presunto. Vão beber pinga de substancia! Este é do tal que faz peito, hê, hê, hê!

— Com que então — diziam os biltres — á saude do sr. doutor!

— Que Deus fará! Tornava o bom do lavrador, com as lagrimas nos olhos. Mas eu não tenho malga, traze-me tambem uma, que quero beber á saude aqui dos amigos.