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CONTOS E PHANTASIAS
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Tres annos depois do casamento o tio Sebastião enviuvára.

Ficou-lhe um filho, uma creancinha loura e adoravel, o vivo retrato da mãe.

O lavrador concentrava no pequeno todos os affectos, amava-o até á insania.

O rapaz cresceu rodeado de caricias, de mimos e de ternos cuidados.

Não havia vontade que se lhe não fizesse. Era um pequeno rei despotico a cuja voz o pae e a velha Joanna se curvavam com cega obediencia.

Ao completar seis annos, por conselho do prior, começou o pequeno a estudar as primeiras lettras com o professor régio da freguezia.

— Temos homem, dizia o prior ao velho; o rapaz vae bem, estuda e aprende com facilidade.

— Quando me lembro que posso morrer sem o ouvir cantar a missa nova, parece-me que estalo de pena.

— Ó senhor prior, o meu rapaz dava ou não dava um padre de mão cheia?

Era para padre que o velho destinava o filho, sonhava todas as noutes com a sua primeira missa,