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CONTOS E PHANTASIAS
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O lavrador pegou no retrato, e esteve a olhar para a mulher. Não chorou, nem teve saudades, estava absorvido por um sentimento superior.

— Ó Joanna, mas o retrato é grande e a medalha pequena. Eu não tenho alma de degolar o retrato...

A creada sorriu-se.

— Pois leve o retrato e a medalha ao menino, e elle lá que o mande arranjar...

Na manhã seguinte almoçava o tio Sebastião com o cunhado, e partia n’essa mesma tarde para Coimbra, onde chegaram de noute. O brazileiro, cheio de cansaço, adoentado, propoz que se adiasse a visita ao estudante para o outro dia. Que eram horas d’elle estar a estudar; que não era bom distrahil-o das suas obrigações. O tio Sebastião, porém, não se convenceu. Disse que iria só, que não podia esperar, que não dormiria bem sem dar um abraço no filho. Partiram ambos.

Os viajantes bateram á porta da casa de Sebastião Alves, maravilhados de verem as janellas abertas e a casa completamente ás escuras. Ninguem lhes respondeu.

Bateram de novo.

Uma visinha com a sua voz fina e cantada perguntou o que desejavam, e explicou que o sr. Sebastião Alves tinha ido ceiar com uns amigos a uma hospedaria da baixa.