Página:Contos e phantasias (Maria Amália Vaz de Carvalho, 1905).pdf/96

90
CONTOS E PHANTASIAS

— Pois seja assim! Começaremos a combater o monstro hoje mesmo. Para isso é preciso que V. Ex.a envergue as armas proprias para combates d’esta ordem. Em vez do arnez, do broquel, das cannelleiras e do elmo, aconselho-lhe que se vista com elegancia igual á sua gentileza, porque vae combater a féra no salão da mais elegante senhora de Lisboa, e ante a presença das nossas mais acentuadas celebridades politicas e litterarias. Até logo, não é assim? disse o velho estendendo com uma graça adoravel a mão a Antonio de Vasconcellos que desceu as escadas enceradas com o coração cheio de sol e de alegria.

— Não estejas triste, a casaca fica-te bem, não está muito nova, mas ninguem repara. Põe este botão de rosa na casa. É bonito. Vaes mesmo um taful — dizia a irmã de Antonio de Vasconcellos recuando e examinando amoravelmente o moço.

Depois, com um gesto impregnado de um mixto singular de protecção e de doce auctoridade, continuou:

— Prohibo-te que estejas com essa cara desconsolada.