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CONTOS CARIOCAS


III

Em mangas de camisa estava o Prado.
Na barraca sentado,
Entre gallos, gallinhas, gallinholas
Das raças mais communs e das mais caras, —
Frangos, patos, perús, coelhos, araras,
Passarinhos saltando nas gaiolas,
Saguis mimosos, tremulos, sorpresos,
Acorrentados cães, macacos presos,
E no ambiente um cheiro
De entontecer o proprio gallinheiro,
Quando foi procurado
Por Felizardo. — Felizardo Pinho
E’ o meu nome; conhece-me, seu Prado?
— De vista, sim, senhor, que é meu visinho.
— Eu amo ardentemente sua filha,
E não sou para ahi um farroupilha.
Não quero agora expôr-lhe as minhas prendas;
Apenas digo-lhe isto:
Vivo das proprias rendas,
Tenho boa familia e sou bem visto.
Venho, por sua filha autorizado,
Dizer-lhe que domingo irei pedil-a.
Até lá póde ser bem informado,
Afim de que me aceite ou me repilla.
O pae, que estava attonito e pasmado,
Interrogou: — E’ sério? é decidido?