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CONTOS MARANHENSES


Não se deixava convencer: não tinha
Ambições, nem sonhava tal grandeza;
Preferia a pobreza,
Ao lado de um marido a quem amasse,
A todo o Potosi com que a comprasse
Outro qualquer marido.

O velho, enfurecido,
Brada: — Isto agora já não é poesia.
Mas grosso desaforo!
Se não acaba esse infeliz namoro,
Vou deitar energia! —
— Então papae não acha coisa infame
Que eu me case com um typo a quem não ame?
— Infame é namorares um velhaco
Sem dar ao pae o minimo cavaco!
Ou casas-te com o Souza ou te afianço
Que a maldição te lanço! —

Santinha, que era muito intelligente,
Continuava a série dos protestos;
Mas o irritado velho, intransigente,
Soltando gritos e fazendo gestos,
Nada mais quiz ouvir naquelle dia;
Mas na manhã seguinte foi chamal-a
Ao quarto (a pobre moça ainda dormia!)
E pela mão levou-a para a sala.

Ficou muito espantado
Ao ver que a filha, ao envez do que previra‘