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CONTOS CARIOCAS


Um miseravel ditoso,
Um desgraçado feliz.

O facto não é poetico,
Mas á verdade não fujo:
O pequeno andava sujo,
Sujo que mettia dó;
Braços, pernas, rosto — ó lastima! —
Ennegrecidos estavam,
E o pescoço lhe abraçavam
Negros collares de pó.

Dos seus freguezes no numero
Havia um sor conselheiro:
Ia levar-lhe o Cruzeiro
Cedinho, pela manhã.
No topo da escada nitida
Quem a folha recebia
E pagava, todo o dia,
Era a formosa Nhã-nhã.

Nhã-nhã, um anjo pulcherrimo!
Pallida, triste, franzina...
Era mais do que menina
E menos do que mulher;
Desabrochava-lhe esplendida,
Entre doiradas chimeras,
Flôr de quinze primaveras
Em labios de rosicler.