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CONTOS PARA A INFANCIA

las. Finalmente fingiram tirar o estofo do tear, cortaram-o com umas grandes tesouras, coseram-o com uma agulha sem fio, e declararam, depois d'isto, que estava o vestuario concluido.

O sultão com os seus ajudantes de campo foi examinal-o, e os impostores levantando um braço, como para sustentar alguma cousa, disseram:

«Eis as calças, eis a casaca, eis o manto. Leve como uma teia d'aranha; é a principal virtude d'este tecido.»

— Decerto, respondiam os ajudantes de campo, sem ver coisa alguma.

— Se vossa alteza se dignasse despir-se, disseram os larapios, provar-lhe-iamos o fato deante do espelho.»

O sultão despiu-se, e os tratantes fingiram apresentar-lhe as calças, depois a casaca, depois o manto. O sultão tudo era voltar-se defronte do espelho.

— Como lhe fica bem! que talhe elegante! exclamaram todos os cortezãos. Que desenho! que cores! que vestuário incomparavel!»

Nisto entrou o grão-mestre de ceremonias.

— Está á porta o docel sobre que vossa alteza deve assistir á procissão, disse elle.»

— Bom! estou prompto, respondeu o sultão. Parece-me que não vou mal.»

E voltou-se ainda uma vez deante do espelho, para ver bem o effeito do seu esplendor. Os camaristas que deviam levar a cauda do manto, não querendo confessar que não viam absolutamente nada, fingiam arregaçal-a.

E, emquanto o sultão caminhava altivo sob um