MANIFESTO CYPHERPUNK

(1993)[1]

Eric Hughes

Privacidade é necessária para uma sociedade aberta na era eletrônica. Privacidade não é segredo. Um assunto privado é algo que não desejamos que o mundo inteiro saiba enquanto um assunto secreto é algo que ninguém quer que qualquer pessoa saiba. Privacidade é o poder de se revelar seletivamente ao mundo.

Se duas partes têm algum tipo de negociação, então cada uma tem uma memória de sua interação. Cada parte pode falar a partir de sua própria memória sobre isto. Como alguém poderia evitar isso? Pode-se aprovar leis contra ela, mas a liberdade de expressão ainda é fundamental para uma sociedade aberta, até mais que a privacidade; procuramos não restringir qualquer discurso. Se muitas partes falam juntas no mesmo fórum, cada uma pode falar com todos os outros e agregar conhecimento sobre indivíduos e outras partes. O poder das comunicações eletrônicas permitiu tal conversação em grupo, e ela não vai embora apenas porque poderíamos querer.

Uma vez que desejamos privacidade, devemos garantir que cada parte de uma transação tenha conhecimento apenas do que é diretamente necessário para essa transação. Uma vez que qualquer informação pode ser falada, devemos garantir que revelamos o mínimo possível. Na maioria dos casos, a identidade pessoal não é saliente. Quando eu compro uma revista em uma loja e entrego dinheiro para o funcionário, não há necessidade

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  1. Tradução: Coletivo Cypherpunks, disponível em: https://cypherpunks.com.br/biblioteca/o-manifesto-cypherpunk/ com revisão de Victor Wolffenbüttel. O original, em inglês, está em https://nakamotoinstitute.org/cypherpunk-manifesto/.