Página:Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto v01.djvu/512

hum ceito dia, em que ellc Pêro Dias quiz fazer aguada. Dizendo os Mouros da Cidade que a agua vinha de longe pela rerra dentro, que pêra iíto fe fazer mais em breve, mandaíTe tal dia o batel com as mais vaíilhas que pudeíTe, e aíli gente pêra as encher, e chegando ao qual lugar com a confiança do bom gazalhado, que lhe tinha feito nos dias paíTados y não tiveram reCguardo em fi, com que o batel, e elles ficaram em poder dos Mouros. Os quaes Mouros logo incontinente, mui arm.ados em alguns zambucos da terra, vieram fobre eíle, na qual chegada elle Pêro Dias fe vio em tanta preíía, por não ter comíigo mais de fete peíToas, que lhe conveio cortar as amarras, e fazer-fe á vela via defte Reyno a Deos mifericordia, fem Piloto, nem peffoa, que foubeíTe per onde vinham, té Deos o trazer áquelle lugar, onde o achara. Pedralvares, porque havia eíle navio por tão perdido, como os que foçobráram no dia da grão tormenta que teve, ouve que Deos lhe refufcitava todos aquelles homens. E pêra maior feu contentamento, depois de fer chegado a Portugal, que foi vefpera de S.João Baptiíla, chegaram outros dous navios, que ainda lá leixava: hum era de Pêro de Taíde, que fe delle apartou antes de chegar ao Cabo das Correntes com hum

tem-