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Decada I. Liv. I. Cap. I.

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mulher a ſua filha D. Tareija; e em dote, todalas terras, que naquelle tempo eram tomadas aos Mouros neſta parte da Luſitania, que ora he Reyno de Portugal, com todalas mais que elle pudeſſe conquiſtar delles; em que entravam algumas de Andaluzia, porque em todas eſtas elle, e ſeu filho ElRey D. Afonſo Henriques vertêram ſeu ſangue por as ganhar das mãos, e poder dos Mouros, (como ſe verá em a outra parte da noſſa eſcritura chamada Europa;) o qual dote, e herança parece que foi dado com tal benção per eſte Catholico Rey D. Afonſo, que todolos ſeus deſcendentes, que a herdaſſem, ſempre tiveſſem contínua guerra com eſta perfida gente dos Arabios; porque começando deſte tempo té o preſente, que he diſcurſo de quatrocentos e tantos annos de idade deſte Reyno de Portugal, depois que apartado da Coroa de Heſpanha teve eſte nome, aſſi permaneceo em contínua guerra deſtes infieis, que com verdade ſe póde dizer por elle, ter veſtido mais armas que pelotes. Donde podemos affirmar, que eſta caſa da Coroa de Porugal eſtá fundada ſobre ſangue de Martyres, e que Martyres a dilatam, e eſtendem per todo o Univerſo: ſe eſte nome podem merecer aquelles, que militando pola Fé, offerecem ſuas vidas a Deos em ſacrificio, e dotam ſuas fazendas a ſumptuo-

ſos