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Decada I. Liv. I. Cap. III.
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centos trinta e tres em a Villa de Sintra a vinte e ſeis de Setembro ElRey D. Duarte irmão deſte Infante lhe fez doação della em dias de ſua vida, e no anno ſeguinte em a meſma Villa a vinte ſeis e Doctubro deo todo o eſpiritual della á Ordem de Chriſto: As quaes doações depois lhe foram confirmadas per ElRey D. Affonſo ſeu ſobrinho o anno de mil quatrocentos e trinta e nove. E por as couſas deſta Ilha ſerem a nós já mui manifeſtas, e ſabidas, leixamos de eſcrever da fertilidade della: ſómente ſe póde notar ſer couſa tão groſſa, que alguns annos rendeo o quinto dos açucares ao Meſtrado de Chriſto paſſante de ſeſſenta mil arrobas: e eſta novidade ſe havia em terra, que occupava pouco mais de tres leguas. A Ilha do Porto Santo deo o Infante a Bertolameu Pereſtrello que a povoaſſe, o que lhe foi mui trabalhoſa couſa por cauſa dos coelhos, que os moradores não podiam vencer, dos quaes ainda hoje em hum ilheo, que eſtá pegado a ella, he tanta a multidão que parecem bichos, e paſſou já de tres mil huma matança que ſe nelles fez. Tambem houve outra cauſa de ſe eſta Ilha não povoar como a da Madeira, e foi por não haver nella ribeiras de regadio pera as fazendas dos moradores, com que Bertolameu Pereſtrello ficou com menos ſorte que

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