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DA FRANÇA AO JAPÃO

dominó. A sua barba, bem penteada, cahia-lhe sobre o peito o que é raro no Japão, e finalmente o seu aspecto era a de um perfeito magico da antiga tradicção. Executou alguns trabalhos com graça e felicidade, e entre outros nos recordamos da sorte da multificação dos chapéos de sol, e dos passarinhos que ajuntavão seus ovos e os chocavão na mão dos espectadores. Estas sortes são feitas com a mesma pericia pelos homens do officio entre nós, porém, o que nos admirou, bem como a todo o estrangeiro que vai ao Japão, foi o jogo das duas borboletas. Eis em que consiste:

Tomão dois pedacinhos de papel, que torcem em ponto e dão-lhe assim a forma de duas borboletas, lançam-nas ao ar e as mantem suspensas com o auxilio de um leque. Em seguida, mudando a posição do leque, que não cessa de deslocar o ar, dirigem uma das falsas borboletas sobre a outra. Ora ellas volteião juntas no espaço, ora uma corre em direcção opposta á outra, outras vezes ellas lutão no ar, recuando e avançando alternativamente até que a vencida cahe por terra e a outra desapparece por uma porta ou janella da sala.

É necessario uma mão muito exercitada e habil para determinar este ou aquelle effeito, inclinando mais ou menos o leque de modo a aproximar os dous pedaços de papel, afasta-los, elevar a um mais que a outro, faze-los tomar direcções contrarias e facilmente combinar todos estes movimentos apparentemente differentes e todos determinados por um mesmo leque.

O prestidigitador acompanha todos estes movimentos com ditos sem duvida espirituosos, pois provoca hilaridade nos espectadores.

Durante a nossa estada em Hiogo, fizemos uma excursão a cavallo pelas immediações desta cidade. Depois de uma hora de viagem chegamos a um templo consagrado a um deus cujo nome japonez nos esqueceu, porém que em nossa lingua é o Deus do amor.

Este templo é extravagante pelos seus ornamentos e imagens; de um lado, vêm-se cintas japonezas, flores seccas, pequenos ca-