214
DA FRANÇA AO JAPÃO

Durante duas longas horas, os pratos se succedião sem interrupção, e parece-nos que nenhum hotel do Globo, jámais dispoz de tão longo e variado menu, e como não soubessemos o japonez, fomos obrigados a rendermo-nos á discripção das bellas criadas, comendo de algumas iguarias que nos servião, e deixando intactas as que não nos agradavão, pois, houve um momento, em que não era possivel continuar a lucta; e apezar dos signaes que faziamos ás criadas, forçados fomos a permittir que estacionassem diante de nós por alguns instantes, mais de quarenta pratos servidos com diversas iguarias, que uns após outros e successivamente erão retirados pelas jovens criadas.

No fim do jantar, graças a amabilidade do almirante japonez, a etiqueta foi posta de lado e a conversação tornou-se geral. Alguns convivas fallavão o inglez, outros o japonez, o maior numero o francez; aqui, fallava-se sobre marinha, alli, sobre Venus, que não era mal representada por algumas das bellas criadas, e nós, os membros da commissão, nas difficuldades que apresentarião a nossa volta para o cume do Compira Hyama, depois de tão opiparo jantar.

Comtudo, ao anoitecer despedimo-nos, provavelmente para todo o sempre, do bravo almirante, que estreitou em seus herculeos braços a todos os amantes de Venus, como elle nos chamava, e puzemo-nos á caminho para o nosso acampamento, onde chegámos atrozmente fatigados no fim de duas longas horas.

Em um dos ultimos dias de Dezembro resolvemos partir para Europa, porém, deviamos tomar o paquete em Shangai, cidade muito importante da China, pelo seu commercio e moderna edificação.

Assim, partimos de Nangasaki a bordo do Neva, paquete da companhia do Pacifico; e quando nossos olhos não poderão mais ver as bellas costas do Japão, gotejarão insensivelmente lagrimas de saudade, por este povo altivo, nobre e hospita-