a desconfiança existe. Ora, eu já pensei mal de meu tio. Proponho, pois que ao sair daqui, façamos uma passeata pelo hotel, entrando e varejando todos os quartos. Serve?
Eu tinha acabado de sorver o café e admirei Pontes: ou um gatuno esplêndido ou um inocente. Em compensação, o senador Gomes olhava a porta absolutamente pálido. Que se iria passar?
- Serve? tornou a dizer Pontes.
- Mas está claro, fez o Gomes. Partimos todos para a passeata lá da entrada. É o meio alegre de acabar com uma pressão séria.
- Apoiado! Este Pontes sempre o mesmo!
Mas Gomes erguia-se no rumor das exclamações.
Erguia-me, alcancei-o no corredor Estávamos sós. Sussurrei-lhe:
- O gatuno é ele. Vi-o entrar no quarto da Santarém...
- Não é.
- Então quem é?
- Não sei.
- É impossível negar mais tempo. Ou o senhor diz-me ou eu explico tudo em público. Só o muito respeito...
Gomes teve um gesto alucinado, junto à escada que dava para os aposentos superiores.
- Nada de palavras inúteis. Jura segredo?
- É um crime.
- Jura?
- Juro.
- Pois salvemos uma pobre mulher, salvemos