branca, e mais lentamente ainda ergueu os olhos tristes.

A casa estava totalmente fechada.

Hein? Seria possível? Ele, então -e de súbito o desespero sufocou-a- não a esperava mais? Acabara a paixão? Então, ele também estava farto, estava cansado? Oh! ela já enjoava, já aborrecia aquele cidadão que a perseguira dois anos! Mas então essas coisas acabavam assim com a porta fechada, na cara, na sua face! O grosseirão insultava-a a ela, a ela, Laurinda Belfort, esposa de Soares Belfort!

Abriu a portinhola. Saltou. No seu cérebro baralhavam as idéias como se a afronta a ensandecesse. Em derredor, a rua deserta modorrava. No céu muito azul, de um azul muito claro, o sol vibrava, e do mar, que abria pelo espaço um outro céu, vinha a úmida aragem de um dia primaveril. Deu dois ou três passos, certificou-se rangendo os dentes de desespero.

Oh! era ela -para seu castigo, por ter querido ser boa, por ter pena do infeliz, era ela quem não se fazia receber! Oh! a vida! Quantas surpresas amargas!

Meteu-se outra vez no carro, bateu a portinhola.

Ah! não! nunca mais! estava acabado! O Sr. Guilherme queria o insulso, o idiota? Tanto melhor! Só assim não perderia mais o tempo, ela que tinha tanto que fazer, que ainda não fora ao costureiro e tinha teatro à noite, jantar, um five-o-clock das Teixeira impreterivelmente às quatro e meia!