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ASCENÇÃO FRANCEZA

Domando-te o furor, em teu cimo orgulhoso,
O signal de meus pés sem descorar gravei.
E dos flancos maculei-te o immaculado arminho.
E me affrontei com a morte e nunca recuei.

Que ebriedade immensa, ah ! quando se domina
Esse mundo encantado, esse cháos deslumbrante
De quebradas e gel e rochedos miuados,
Do solto furacão que salta trovejante !

Mas d'onde este fragor ? Subverte-se a montanha
Vae-se inteira abysmar ? Surdo rumor profundo !
Não ê a avalange invencivel que róla,
Pula e se vae sumir n'um abysmo sem fundo.

Ei-lo, do Monte Rosa o cimo alvinitente !
Eis o Monte Cervino, o sinistro monte ! Eis
Esses Welterhorners, cujo vulto gigante
Vela do Jungfrau a nitida nudez!

Sois grandes, montes, sim, sois arduos e diflceis,
Poucos vos galgarão o insolente alcantil :
Quantos morreram já nos vossos duros flancos,
A quem não atterrára o vosso sspecto hostil.

Mas olhae para cá, mais alto, ainda mais alto ;
Erguei-vos, cada qual o outro carregando ;
Vêde este pico altivo, audaz. que dá vertigem.
Este é o vosso senhor, a este cabe o mando !