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Pereira de Alencastre — a metropole de nada soube aproveitar-se, porque na hora em que teve de dar contas ao mundo do deposito, que a Providencia lhe houvera confiado, estava mais pobre do que a sua tutelada.

Só com a presença da familia real no Brazil, em 1808, foi permittida uma typographia á cidade do Rio de Janeiro, onde se publicou a primeira folha que tivemos, a Gaveta do Rio de Janeiro, que sahia duas vezes por semana em meia folha de papel commum, dobrado em quarto, folha de propriedade dos empregados da secretaria de estrangeiros, contendo só despachos, ordens do governo e noticias de Portugal, amenizada com a commemoração dos anniversarios natalicios da familia real e das festas da côrte, odes e panegyricos ás reaes pessoas.

Foi nesta época que despontou, como que a furto, medroso, o sol da independencia litteraria no horisonte brazileiro. Luzir no firmamento da patria, só depois de nossa independencia politica lhe foi permittido.

Depois desta typographia, por muitas instancias do benemerito Conde dos Arcos, governador e capitão general da Bahia, foi concedida outra a essa provincia por carta régia de 5 de fevereiro de 1811, na qual se publicou a Idade de ouro, folha igual á Gazeta. Mas a nascente imprensa marchou com tão fortes peias, que em 1821 apenas contava o Brazil oito jornaes, sendo no Rio de Janeiro a Gazeta já mencionada, o Conciliador, o Amigo do povo e do rei; na Bahia a Idade de