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adiantado de gravidez, para uma viagem tão longa e tão moroza, como era então, expondo-a a dar a luz no principio dessa viagem. Quem sabe si Teixeira de Vasconcellos não quiz escrever nas alturas de Cabo-Frio que pertence ao Rio de JaneIro ~ Quem sabe mesmo si não ouviu fallar na freguezia de Cabo- Verde, lagar de Minas Geraes, para onde viera o pae de Sea bra servir um lagar da magistratura, parecendo pelo nome cabo que se tratava de lagar onde navegassem navios ~ E que, ouvindo falIar em Cabo- Vercle, entendesse ser esse, que elie conhecia, nos mares de Portugal '? São hypotheses apenas que não repugnam li razão. Note-se que depois de Innocencio da Silva ter dado Seabra como nascido no Rio de Janeiro, este não procurou desfazel' o engano, quando entL'etanto amplia a noticia relativa a seu infeliz collega Ant.onio Homem, acerca de cuja historia escrevera, como se vê; no artigo que vem no volume 80 , pag, 468. Em vista do exposto não posso deixar de incluir ainda neste livro o escriptol' a quem me refiro. Nascesse, porém, onde nascesse, em viagem, nas alturàs de Cabo-Verde ou nas de Cabo· Frio, em terra firme, em Minas Geraes ou no Rio de Janeiro - nasceu portuguez, porque no primeiro caso navegavam seus paes em navio portuguez e no segundo em territol'io portuguez, como era então o Brazil, e por isso no momento da separação de sua patria do nascimento da patria legal, optou pela segunda, a quem l'lresta os mais relevantes serviços, A sciencia moderna não assevera que o lugar do nascimento e onde são recebidas as primeiras impressões tem grande influencia na organização psychica do homem ~ Logo tenho direito de me occupar do visconde portuguez, que tambem pertence ao imperio do Brazil. Muito joven sahiu Seabra com seu pae do Brazil para Portugal, onde completou sua educ:lção litteraria e scientifica, formaudo-se em direito na ulliversidade de Coimbra. Entrou na carreira da magistratura, em Portugal firmou sua residencia, delIe só sahindo quando, em conse~uencia dos movimentos politicas que agitaram o reino em 1828, emigrou para a Belgic:l, e ahi permaneceu até 1833, anno, em que entl'ou no exercicio do cargo de corregedor de Alcobaça. D~pois disto foi desembargador da' relação do Porto, membro do conselho supremo de justiça, deputado ás cOl'tes em varias legislat1!lras desde 1834, ministro de estado honol'.lrio, par do reino, do conselho de sua magestãdo fidelissimo., ocio da academia real das sciencias de Lisboa, reitor da universidade de Coimbra, grão-cruz da ordem de S. Thiago e da italiana de S. Mauricio e S. Lazaro, e escreveu : - Tradttcçtío em verso de uma ode lati na de Francisco Botelho Moraas e Vasconcellos - Sahiu na Mnemoseni lusitana, tomo 10 , 1816. - Prologo do Mentor de Felandro, poema didactico de Candido Luzit~no, publicado em Coimbra, 1826 ...... E. te poema foi publicado' pelo conselheiro Seabra, e o prologo não é, como se suppoz, do bispo, depois patl'j archa de Lisboa, dom frei Francisco de S. Luiz. -Ode heroica á serenissima infanta dona Izabel Maria. Coimbraj 1826.