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vii

Não deveria talvez dizel-o; mas digo-o, porque o dezar não reflecte sobre o paiz. Reflecte, sim — com bastante mágoa o confesso — sobre o autor da obra, em quem não suppunham merito.

Deveria quebrar a penna. Mas o trabalho estava encetado; precisava de assumpto que me occupasse seriamente o espirito, e sobretudo não sei que sentimento de mim se apoderou… Foi um capricho, uma loucura talvez.

E então prosegui.

Já se me tem apontado como causa dessa recusa um sentimento de modestia. Como? Ha quebra de modestia na declaração, toda particular, do logar e data do nascimento, dos estudos feitos, do emprego que se exerce e das obras, publicadas ou ineditas, que se tem escripto, para uma noticia que vae ser redigida e assignada por outro? Não se fere a modestia publicando um livro, e se fere deixando que se dê noticia do livro?

Não será menos modesto publicar uma obra assignando-a, e dando após a assignatura, como fazem muitos, uma enumeração de todas as commissões, ás vezes ephemeras, ou empregos que foram exercidos; de todas as associações, ás vezes extinctas, a que se tem pertencido; de condecorações, ás vezes compradas, e de títulos iguaes?

Como se póde conciliar esse afan, de que tanta gente por ahi alardeia pelas lettras, com esse procedimento que acabo de revelar?