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O trabalho, que dou agora á publicidade, repito-o, é um trabalho incompleto, deficientissimo, mórmente no que é concernente ao seculo actual, ou ao tempo decorrido de nossa independencia litteraria. Apresentando tão limitado numero de escriptores das épocas coloniaes, em relação a estas, é elle mais completo. Parece um absurdo; e entretanto é a verdade.

« Procurae nos seculos XVI e XVII— escreveu uma das mais robustas intelligencias que possue o Brazil, o doutor Sylvio Roméro, tratando da poesia popular no Brazil — manifestações serias da intelligencia colonial, e as não achareis. A totalidade da população, sem saber, sem grandezas, sem glorias, nem sequer estava nesse periodo de barbara fecundidade, em que os povos intelligentes amalgamam os elementos de suas vastas epopéas… Os pobres vassallos da corôa portugueza não tinham tradições; eram como um fragmento do pobre edificio da metropole, atirado em um novo mundo, onde cahiu aos pedaços e perdeu a memoria do logar em que servia. »

Nem ha negal-o.

Que homens nos mandava Portugal para o Brazil, sinão miseros degredados, analphabetos, homens enervados no vicio e tirados das ultimas camadas da sociedade, ou audaciosos aventureiros, avidos de fortuna, e alguns governadores ou capitães-generaes, em geral estupidos, e só tendo merecimento por carunchosos titulos de nobreza?

Que fontes de instrucção encontravam os brazileiros em sua patria a não serem as aulas dos collegios dos jesuitas, que,