mirando o busto de Massinissa, pintado na parede. Vim cauteloso, e não fiz rumor. Não obstante, ouviu-me os passos, e voltou-se depressa. Conheceu-me pelos retratos e correu para mim. Não me mexi; era nem mais nem menos o meu antigo e joven companheiro do seminario de S. José, um pouco mais baixo, menos cheio de corpo, e, salvo as cores, que eram vivas, o mesmo rosto do meu amigo. Trajava á moderna, naturalmente, e as maneiras eram differentes, mas o aspecto geral reproduzia a pessoa morta. Era o proprio, o exacto, o verdadeiro Escobar. Era o meu comborço; era o filho de seu pae. Vestia de luto pela mãe ; eu tambem estava de preto. Sentámo-nos.

— Papae não faz differença dos ultimos retratos, disse-me elle.

A voz era a mesma de Escobar, o sotaque era afrancezado. Expliquei-lhe que realmente pouco diferia do que era, e comecei um interrogatorio para er menos que falar e dominar assim a minha emoção. Mas isto mesmo dava animação á cara delle, e o meu collega do seminario ia resurgindo cada vez mais do cemiterio. Eil-o aqui, deante de mim, com egual riso e maior respeito; total, o mesmo obséquio e a mesma graça. Anciava por ver-me. A mãe falava muito em mim, louvando-me extraordinariamente, como o homem mais puro do mundo, o mais digno de ser querido.

— Morreu bonita, concluiu.

— Vamos almoçar.

Se pensas que o almoço foi amargo, enganas-te.