Poupai-nos o labéo.» Quem mais, se afanam
Deitados sôbre o remo; aos vastos golpes
Retreme a bronzea pôpa, o chão subtrahe-se;
Crebro o anhelito abala os membros todos,
210E as bôcas sécca; em bica o suor mana.
O acaso trouxe o lanço a que aspiravam:
Acostado Sergesto, avante a proa
Cose á rocha, e abocando um passo estreito,
Ai! que em recife protendido péga.
215Ao choque ronca a pedra, e n’uma ostreira
Pontuda os remos se estribando estralam;
Contusa a proa suspendeu-se. Em gritos
Consurge, pára a chusma, e os croques safa
E agudas varas; os partidos remos
220Do pégo apanha. Então, com mais vehemencia,
Ledo Mnestheu os ventos convocando,
Certa e basta a remada, ao som das ondas,
Facil no aberto pelago decorre.
Qual a pomba, que aninha em ouca lapa
225Seus doces ovos, salteada ao campo
Foge, e ao sahir com a aza dá medrosa
Rijo encontrão no tecto; e escorregando
Pela fluida via, o ar sereno
Rasa, nem move as expeditas pennas:
230Tal Mnestheu, com tal impeto, enfiada
Pelas últimas aguas, voa a Pristis.
Já deixa ás luctas no rochedo e alfaques
A Sergesto, que auxílio em vão clamando,
A andar aprende com lascados remos.
235Presto a Gyas se bota, e a nau possante
Cede, que está sem mestre. Só lhe falta
Quasi no fim Cloantho; em cujo alcance
Urge com summo afinco. Esperta a grita,
Aura geral o instiga a lhe dar caça,
240E rimbomba o fragor no espaço ethereo.