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Iam depois dormir nos lupanares
Onde, na gloria da concupiscencia,
Depositavam quasi sem consciencia
As derradeiras forças musculares.

Fabricavam dest’arte os blastodermas,
Em cujo repugnante receptáculo
Minha perscrutação via o espectaculo
De uma progénie idiota de palermas.

Prostituição ou outro qualquer nome,
Por tua causa, embóra o homem te acceite,
E’ que as mulheres ruins ficam sem leite
E os meninos sem pae morrem de fome!

Porque ha de haver aqui tantos enterros?!
Lá no «Engenho» também, a morte é ingrata..
Ha o malvado carbúnculo que mata
A sociedade infante dos bezerros!

Quantas moças que o tumulo reclama!
E após a podridão de tantas moças,
Os pòrcos espojando-se nas poças
Da virgindade reduzida á lama!

Morte, ponto final da ultima scéna,
Fórma diffusa da matéria imbelle,
Minha philosophia te repelle,
Meu raciocinio enorme te condemna!

Deante de ti, nas cathedraes mais ricas,
Rolam sem efficacia os amulêtos
Oh! Senhora dos nossos esqueletos
E das caveiras diarias que fabrícas!