62
E esfregando as mãos magras, eu, inquieto,
Sentia, na craneana caixa tôsca,
A racionalidade dessa mosca,
A consciencia terrivel desse insecto!
Regougando, porém, argots e aljamias,
Como quem nada encontra que o perturbe,
A energumena grey dos ebrios da urbe
Festejava seu sabbado de infamias.
A estática fatal das paixões cégas,
Rugindo fundamente nos neuronios,
Puxava aqnelle povo de demonios
Para a promiscuidade das adégas.
E a ebria turba que escáras sujas masca,
A’ falta idiosyncrasica de escrupulo,
Absorvia com gaudio absintho, lúpulo
E outras substancias toxicas da tasca.
O ar ambiente cheirava a acido acético,
Mas, de repente, com o ar de quem empesta,
Appareceu, escorraçando a festa,
A mandibula inchada de um morphetico!
Saliencias polymórphicas vermelhas,
Em cujo aspecto o olhar perspicuo prendo,
Punham-lhe num destaque horrendo o horrendo
Tamanho aberratorio das orelhas.
O facies do morphético assombrava!
— Aquillo éra uma negra eucharistia,
Onde minh’alma inteira surprehendia
A Humanidade que se lamentava!