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Porque a perfeita verdade da Vida na sua alta e pura essência, não é tangivel-— é intangivel. Para apanhal-a não se faz myster uma visão directa, uma observação imraediata, muito perto dos factos, muito em cima dos typos nem um psychologismo scientifico systhematico, à outrance.

A phrase do egrégia Balzac — o artista advinha o verdadeiro — é de uma eloquência profunda e transcendental neste assumpto.

A vida é real e é ideal, é ideal e é real. As inverosimilhanças, as coincidências, os acasos, os presentimentos, a fatalidade dos seres, os absurdos, as excepções dos phenomenos geraes, as côrrentes de attracção sympathica ou antipaIhica, as impressões desconhecidas, os espasmos ou estados pathéticos, o contacto, o choque, o encontro magnético e curioso das almas, o Indeffinido das cousas, como que constituem o secreto lado ideal, phantastico, de sonho, da Vida.

A alta verdade da Vida está em Hamlet — pêndulo miraculoso e eterno que marca as oscillações da Alma.

Hamlet surge-nos de um fundo deluido e tocante de lagrimas e lyrios, da evocação sympathica e doce do Angelus das almas, n′um crepúsculo abençoado de infinita dolência, espiíitualisado como um cyrio divino bruxoleando na

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