226


226

essa abstracção afíiictiva, esaa espasmada allucinação de um ser que já foi ser, de uma voz que se tornou mudez, de um movimento que se fez impassibilidade.

Não importa mesmo que todos os seus órgãos não estejam totalmente paralysados, sob camadas lethaes de gelo. Mas a expressão do somno é por tal forma aureolada de mysterios, taes segredos escapam dessa indifferença, que o homem que dorme estirado no leito fica nesse momento mais indefeso, mais frágil e mais inócuo do que uma creança, que na sua vibrante garrulice cor de rosa e crystalina, impõe mais acção, mais vida, disprende mais rhytlimos e accórdes do sangue, projecta mais ondas sonoras e nervosas de movimento.

Pelo estado inerme desse homem que está dormindo parece que uma força occulta, uma catastrophe inesperada, invisivelmente suspensa ha muito sobre a sua existência, vai, afinal, certeira e rápida, desapiedadamente esmagar-lhe, cahindo dos altos Destinos, a atormentada e vaidosa cabeça com a mais natural facilidade. Pois não é tão fácil, sem duvida, destruir um obscuro reptil que se arrasta na terra?!

Toda a sua coragem louca de guerreador da Existência, toda a aspiração allucinada, todo o