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Que celeste ironia., acaso, dá-lhe azas satanicas, dá-lhe aza» ferozes de fogo, que elle, cégo, tão cégo, tudo por igual incendeia e em toda a parte cóspe lésto a péste ?!

Quando Anna morreu eu senti, tal foi o impressionativo abalo, como que uma espada varar-me, lado a lado, o coração.

Eu estava n'um desses periodos que as reminiscencias para sempre conservam, que se não apagam nunca mais no intimo sadio das nossas fibras, das particulas minimas do nosso sangue, da expontanea florescencia casta do nosso ser. Eu estava na mocidade, na plena e na fortalecente mocidade. Desabrochavam em mim perigosas e viçosas flores de delyrio juvenil. Eu aspirava o Vago, o Turbilhão das Chiméras. Palacios de fadas éram as minhas noites. Palacios de fadas éram os meus dias. Uma saude vital dava-me aços de intrepidez, invergaduras ousadas, phantasia e força e frescura matinal de montanhez que vae galgando montanhas por alvoradas de ouro e aves.

Na paisagem da minha Imaginação só havia canticos e uma brancura purificadora envolvia as cousas na calma de leve e ingénua felicidade ridente.

Anna foi para mim como uma harpa que deixou, de repente, de soar...