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Mas, um mysterio maior desola va-me de morte, tortura va-me, dava- me o supplicio gelado de achar-me vivo n′uma sepultura: — o mysterio da semelhança!

Ella parecer-se commigo, ter os mesmos traços, certos estremecimentos da face, o mesmo olhar, o mesmo espesso lábio sensual, a mesma expressão nostálgica de beduino no semblante, a mesma fugitiva melancolia — tudo, tudo isso me flagellava, eram tormentos insanos que eu soífria calado, parecendo que ella trazia em si, em impressionismos abstractos, desfeita, desapparecida, muita sensação que já fora minha, muita esperança, metade da minh′alma já morta, particulas originaes de aífecto, de cuidados, segredos e curiosidades intimas, perdões e clemências que tinham ido embora para sempre com ella.

Uma infinidade de sentimentos obscuros, secretos, eu via passar, ondulando, atravez d′aquella Sombra, como atravez de um espelho phantastico que alli estivesse milagrosamente reflectindo paixões...

Eu existia n′aquella semelhança perseguidora, n′aquella semelhança que parecia reproduzir immensa alluvião de phenomenos da alma que já dormiam eternamente no meu ser...

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