Um dia, traiçoeiro visgo me ligou os pés. Esvoacei, debati-me em vão, e vim acabar nesta gaiola horrivel, onde saudoso chóro o tempo da liberdade. Que triste destino o meu! Haverá no mundo maior desgraça?

Nisto abre-se a porta e entra o caçador, de espingarda ao hombro e uma fieira de passarinhos na mão.

Ante o espectaculo das miseras avesinhas estraçalhadas a tiro, gottejantes de sangue, algumas ainda em agonia, o sabiá estremeceu.

E horripilando verificou que não era dos mais infelizes, pois vivia e inda não perdera a esperança de recobrar a liberdade de outróra.

Reflectiu sobre o caso e murmurou, lá comsigo:


Antes penar que morrer!