FANTINA

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E entraram.

D. Luzia palitando os dentes mostrou a Daniel uma cadeira.

— Então, que foi que entrou na cabeça daquelle homem, Daniel ?

— Eu nada sei, madrinha ; fui o portador porque vinha para aqui.

Daniel interiormente gostava dos ataques contra Frederico ; mas era vista das risadinhas de D. Luzia e das chalaças de Frederico, descoroçoou.

D. Luzia nada deixou de dizer, e mostrou que o compadre era um grande miseravel. Um homem barbaro para os escravos, que viviam famintos, leprosos e mulambentos. Prendia-as no tronco por furtarem uma rapadura. Punha gancho nelles, algemas e batia muito.

Chegava a pontos, dizia D. Luzia admirada, de mandar amarrar uma creoula no cabeçalho de um carro, pô-la deitada de bruços, com as pernas unidas e presas; os braços passados por baixo e núa. Ainda mais, á vista dos negros mandava o feitor dar com um molho de taquara quiçè nas nadegas que em poucos minutos dissolviam-se. Alliviada esta scena, ouviamse outros gritos. Era o Zé de Deus, em pessoa que un'm canto do terreiro mexia em um formigueiro de