Página:Fausto Traduzido por Agostinho Dornellas 1867.djvu/15

A orgia brutal da taberna de Auerbach, as torpissimas extravagancias da cosinha da bruxa, o elixir que deve atear em Fausto o fogo da paixão sensual, as visões phantasticas da noite de Walpurgis, só lhe augmentam a repugnancia por quanto é ignobil e baixo. O amor em que se accende por Margarida, em vez de fogo impuro que o avilte, é chamma que o acrisola e eleva. Margarida é a redemptora do seu amante, e a idéa sublime do resgate de Fausto pelo amor, tem no final do poema uma sublime expressão.

Conclue a primeira parte com a morte de Margarida, que expia voluntariamente neste mundo as culpas do seu amor, e cuja desdita lança no coração de Fausto a semente fecunda do remorso; na segunda continuam os esforços de Mephistopheles para domar Fausto, e proseguem cada vez mais vastos e energicos os passos deste no caminho do aperfeiçoamento e desenvolvimento do seu ser. A córte, as finanças, a guerra, a politica veem offerecer-lhe espheras de actividade cada vez mais largas, sempre mais elevadas; consagra-se todo ao bem estar dos seus similhantes, e quando em fim gosa a plenitude da satisfação, não é reclinado no leito da sensualidade, mas antevendo o effeito benefico dos seus trabalhos no meio dos outros homens. Approveita Mephistopheles o momento para