XLV

Reversibilidade


¿Ó anjo do prazer, conheces a apatia,
As agruras moraes p’ra que não ha remédio;
A vergonha, o remorso, as angústias, o tédio,
Maltrindo o coração como garras de harpia?
Ó anjo do prazer, conheces a apatia?

¿Ó anjo da bondade, imaginas o ódio,
Punhos em crispações, e lágrimas de sangue,
Quando a Vingança invade a nossa alma exangue,
Apunhalando o Bem, nosso anjo custódio?
O anjo da bondade, imaginas o ódio?