Guloso e destruidor qual frivola mundana,
Paciente como a formiga?
Em que filtro ou licor? — em que vinho ou tisana?

Ó feiticeira ideal, dize-m’o tu, oh! di-lo
Á minh’alma timorata,
Que lembra um moribundo ao ver a contundi-lo
D’um cavalo a férrea pata!
Ó feiticeira ideal, dize-m’o tu, oh! di-lo

Ao ente a agonizar que o lobo já fareja,
E a quem o corvo procura,
Ao soldado infeliz que, suspirando, almeja
Pela paz da sepultura;
Ao ente a agonizar que o lobo já fareja!

Póde alguem colorir um ceu negro e lodoso?
¿Rasgar a treva sombria,
Mais negra que o carvão, sem astro luminoso,
Sem uma luz fugidia?
Pode alguem colorir um ceu negro e lodoso?

A Esp’rança que brilhava outrora na Pousada
Extinguiu-se, morreu já!
Sem uma luz que a oriente, a alma transviada
Onde é que se albergará?
Satanaz apagou as luzes da Pousada!

Feiticeira gentil, amas os condenados
Que não logram remissão?