Tua basta cabeleira
É uma selva olorosa;
A cabeça prazenteira:
Esfinge misteriosa;

Tua carne palpitante
É um turib’lo permanente;
Minha noite deslumbrante,
Ninfa tenebrosa e quente!

Tu ressuscitas um morto
Do teu olhar com a ardência;
Não ha filtro nem conforto
Que valha a tua indolência!

Teus flancos são orgulhosos
Das tuas graças trigueiras;
Os teus modos langorosos
Fascinam as travesseiras.

A’s vezes, para aplacares
A raiva que te flagela,
Dás-me, preciosos manjares,
Quanto beijo e mordedela!

Dilaceras.me, querida,
Maldosa, a rir, a brincar,
E p’ra curar a ferida
Dás-me a luz d’um meigo olhar.