LXIV

Moesta et errabunda


Diz-me, o teu coração não tem vôos, Donata?
¿Não se eleva do mar d’esta imunda cidade,
Buscando um outro oceano onde a luz se desata,
Clara, profunda e azul como é a virgindade?
Diz-me, o teu coração não tem vôos, Donata?

O mar, o vasto mar, embala a nossa dor!
¿Quem demónio dotou o mar, cantor de fama,
Que acompanha o orfeão do vento roncador,
Com o sublime «ó-ó» da nossa velha ama?
O mar, o vasto mar, embala a nossa dor!