«Bemdito sejaes vós, Senhor, que o sofrimento
«Concedeis como alívio á nossa perdição,
«Essencia divinal, suavissimo fermento,
«Que depura e conforta o nosso coração!

«Eu sei que não deixaes, Senhor, de reservar-me
«Um lugar junto a Vós nas santas Legiões,
«E para a grande festa haveis de convidar-me
«Dos Tronos, da Virtude e das Dominações.

«Eu sei que o sofrimento é a nobreza suprema,
«Unica distinção que tem hoje valor,
«E sei que, a merecer um místico diadema,
«Só o Universo e o Tempo é que m’o hão de impor.

«Embora disponhaes de imensa pedraria,
«Das estrelas do céu, das pérolas do mar.
«Vossa engenhosa mão, Senhor, não poderia
«A c’rôa construir que intento conquistar!

«O diadema que alvejo é puro e refulgente,
«Todo feito da luz dos tempos que lá vão,
«D’essa pristina luz perante a qual a gente
«Vê que os olhos mortaes vivem na escuridão!»