INTRODUÇÃO À EDIÇÃO BRASILEIRA

“Nós queremos que você escreva uma introdução para a versão em português de Futuros imaginários — algo especial para nossos leitores", dizia o correio eletrônico dos tradutores no Brasil, O que deveria falar? Pensei imediatamente em Suba, DJ Marky e DJ Patife, a trilha sonora nas madrugadas de escrita que geraram este livro. Seus ritmos contribuíram para sua construção de frases, e também para os fluxos dos argumentos. Talvez eu devesse começar a introdução explicando porque esses músicos estavam tocando no meu computador. Definitivamente não foi por acaso. Graças ao meu trabalho na Universidade de Westminster, tive o prazer de lecionar para alguns inteligentes estudantes brasileiros durante a última década. Através deles e por outros contatos, fiz a longa viagem ao Sul três vezes para falar em conferências e festivais no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Pipa. Dancei em uma escola de samba, em badaladas casas noturnas e sob as estrelas na praia. Discuti a política do Partido dos Trabalhadores, analisei o movimento de justiça global e debati longamente as teorias da esquerda noites adentro. Admirei a criatividade e dedicação dos artistas, hackers e ativistas brasileiros. Apesar da barreira da língua, agora tenho amigos neste fascinante e distante país. Entusiasmado com essas visitas, retribuí o favor ajudando a organizar, em 2005, um evento em Londres, em que Gilberto Gil apresentou as iniciativas inovadoras do Ministério da Cultura em novas mídias. Mas, você pode perguntar: “O que essas reminiscências têm a ver com este livro? Por que falar sobre elas na introdução da tradução brasileira de Futuros imaginários?” É porque eu me lembro de estar sentado do lado de fora do telecentro comunitário, em 2004, em Pipa (RN), quando me perguntaram uma questão de suma