importância: “Estar no Brasil mudou a maneira como você pensa a Internet?” Pois meu desafio nessa introdução é explicar por que a resposta é: “Sim!”

Futuros imaginários é um livro sobre o poder político e cultural das profecias tecnológicas. Durante a Guerra Fria, os impérios estadunidense e russo competiram não só para controlar o espaço, mas também o tempo. A Internet e os computadores têm sido ferramentas mais do que úteis ao longo dos anos. Por mais de meio século, eles também incorporaram sonhos utópicos a serviço da ambição imperial. A nação que abre o caminho do futuro no presente pode reivindicar a liderança sobre toda a humanidade. Quando comecei a pesquisa para este livro, em 2002, meu foco estava exclusivamente no Norte. Eu estava fascinado por como os futuros imaginários da Guerra Fria ainda dominavam o mundo contemporâneo, mesmo muito depois da queda do muro de Berlim. O império estadunidense pôde ter prevalecido sobre seu rival russo, mas seus promotores permaneceram presos dentro de um marco ideológico desenhado para este conflito geopolítico. Evidentemente, este livro reflete o período no qual foi escrito: dos vestígios da bolha ponto com e do momento da invasão do Iraque pelos EUA. Por toda a Europa, líderes políticos, acadêmicos especialistas e analistas da mídia estavam convencidos de que os Estados Unidos — a terra da vanguarda da computação e da Internet — seria hoje o nosso amanhã. Onde o presidente dos EUA nos guiasse, nossos países deveriam seguir - mesmo que isso significasse mandar tropas para terras estrangeiras onde elas não fossem bem-vindas. Como alguém que esteve entre os dois milhões de pessoas que marcharam contra esta tolice em Londres no dia 15 de fevereiro de 2003, eu escrevi este livro: ou seja, como um grito de protesto. Ao explicar penosamente a história dos futuros imaginários da inteligência artificial e da sociedade da informação, eu