PREFÁCIO


Esta é a primeira obra de Richard Barbrook editada no Brasil, e representa a convergência de conceitos explorados por ele em outros influentes ensaios sobre o confronto entre comércio e cooperação dentro da Internet, como O manifesto do artesão digital, escrito com Pit Schultz, A economia da dádiva da alta tecnologia, Cibercomunismo, A regulação da liberdade, A ideologia californiana, escrito com Andy Cameron, e A classe do novo.

Aliando a infância nos Estados Unidos, uma fase punk adolescente na Inglaterra, sua trajetória acadêmica e a atuação em rádios piratas e comunitárias, os trabalhos de Richard, autoproclamado “trabalhador esquerdista”, são uma radical crítica à ideologia da ciber-elite neoliberal californiana de que, no futuro da alta tecnologia, todos poderão ser trabalhadores criativos.

Em seus trabalhos anteriores, Barbrook argumenta que a rede permite a emergência de comunidades virtuais espontâneas e flexíveis, definidas mais por convenção social do que troca de mercado, e que a importância das inovações tecnológicas está justamente na sua habilidade de contestar as ideologias dos líderes de opinião. O autor discorre, então, sobre os ícones da produção não-comercial da rede: o movimento do software livre e de código aberto e os blogs, apontando que os participantes desta economia da dádiva da alta tecnologia não precisam pensar sobre as implicações políticas de seus métodos de trabalhar colaborativamente, mas nem por isso deixam de participar de uma forma de cibercomunismo.

Na rede, pessoas constantemente passam de uma forma de atividade social à outra, sendo consumidores no mercado, cidadãos no estado e anarco-comunistas em economias de dádiva. Enquanto ela cresce, cada vez mais pessoas circulam informação gratuitamente.