RICHARD BARBROOK

ver um computador que já era capaz de traduzir o russo para o inglês. De outro lado, o sonho da inteligência artificial mostrou o verdadeiro potencial dos computadores mainframes expostos no pavilhão da IBM. O público da performance multimídia de Charles e Ray Eames entendeu como as máquinas estavam em processo de se tornarem tão inteligentes quanto os seres humanos. O mainframe System/360 era a versão 1.0 do robô Robby. A inteligência artificial era tão iminente como inerente à nova tecnologia da computação. Na Feira Mundial de Nova Iorque, o entusiasmo dos expositores ao mesclar ficção científica com fato científico refletiu sua visão otimista sobre os Estados Unidos contemporâneo. Tanto no Parque Espacial quanto nos pavilhões corporativos, o alto governo e os grandes negócios identificaram o presente com o futuro para enfatizar a supremacia tecnológica da sua pátria-mãe. Os avanços científicos faziam com que os sonhos de ficção científica se realizassem e, simultaneamente, essas previsões inspiravam a invenção de novas máquinas incríveis. O que acontecia e o que poderia acontecer era indistinguível um do outro. No pavilhão da IBM, a nova tecnologia da computação foi exposta como o cumprimento da fantasia de ficção científica: o futuro imaginário da inteligência artificial.

Na abertura da Feira Mundial de Nova Iorque, os estadunidenses tinham boas razões para se sentirem otimistas. A realização da exposição coincidiu com um momento histórico muito especial: o auge da hegemonia dos Estados Unidos sobre o planeta. Durante os cinquenta anos anteriores, a elite estadunidense prevalecera sobre seus rivais imperialistas no combate, na produção e na sagacidade. Antes de 1964, os Estados Unidos tornaram-se uma superpotência econômica e militar sem comparação.[29] A preeminência estadunidense era demonstrada, sobretudo, a partir de sua superioridade tecnológica. Não era surpreendente que as exposições mais populares na Feira Mundial de Nova Iorque fossem os últimos triunfos científicos dos Estados

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